quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A FUGA DO PONTO

Ele passou a perceber que não era mais uma entidade simples, primária, indeterminada, sem substância nem essência...
Percebeu que a partir de si tudo era composto, que era o início, o meio e o fim...
Passou a se considerar um ser.
Sempre fôra manipulado, servindo de apôio, de base para tudo, para os matemáticos, geômetras, calculistas, filósofos...
Entendeu que teria a mesma vida do ser humano que o manipulava...Já que agora existia, se bem que abstratamente, podia pensar...
Já não aguentava mais servir de encontro de todas as retas, semi-retas e paralelas que se encontravam no infinito... Para ele , que vivia em companhia de outros pontos teoricamente seus iguais, tornara-se uma prisão sua existência. Pensou em fugir. - Para onde?
Sabia de suas propriedades, entre outras tais como juntar-se em parcerias com seus iguais, servir de fuga para pontos que mudavam de sentido e quase sempre sem sentido. Até na escrita o utilizavam junto com outro sinal para significar interrogação... Ora, quem interroga tem dúvida, onde há dúvida não há certeza, pode existir culpa...tudo isso lhe causava dissabores.
Sentia um vazio muito grande e a solidão o atormentava quando ficava no centro do círculo, imóvel para dar vida a esse vazio circular, mantendo-se equidistante dos seus irmãos componentes da circunferência limitadora desse espaço.
Sentia imensa curiosidade com aquela limitação. E além daquele espaço, o que haveria?
Ele, sua vida, quem se preocupava com ela? Todos diziam que ele era a base, mas sabia que isso diziam egoisticamente, preocupados apenas em mantê-lo como um insignificante ponto.
Os outros pontos, desconhecedores do seu valor, da suas importâncias, ignorantes dos conhecimentos básicos, despreocupados com as suas existências, nem mesmo sabendo para que serviam ou por quê tinham vindo no plano do espaço-tempo, continuavam a seguir suas direções, caóticas e aleatórias, deixando o acaso governar suas trajetórias, ignorantes que eram escravos das figuras que ajudavam a construir e que o abandonavam tão-logo se constituiam.
Todos esses pensamentos o conduziram a uma tomada de decisão: A alternativa de transpor o seu plano e se lançar ao espaço exterior...Mas, o medo o atormentava: Ir ao desconhecido?
Alguns pontos líderes diziam aos demais que havia no além-espaço a recompensa àqueles que
se mantivessem bons, que não colidissem com os irmãos, que pontualmente cumprissem seu trabalho,que...
Tudo isso somente lhe trazia dúvidas... Como ouvir sem ver? - Nunca quiz discutir com esses
condutores de pensamento. Que adiantaria? - Já sabia as respostas: - Você precisa acreditar nisso! -Quem acredita vê, e quem acredita não duvida !...
Mas ele duvidava e temia: Ao se alçar ao desconhecido, perderia sua forma sabia, mas e sua essência?
Restou-lhe pensar que poderia pedir ajuda aos outros pontos, juntos se transformarem em um segmento de reta e ao final do percurso, voltariam unidos, fortalecidos. Novamente a dúvida lhe traia o pensamento: Talvez os outros pontos estivessem com a mesma idéia e talvez a volta não acontecesse...
Assim, solitàriamente, próprio da sua identidade, na ânsia da fuga, da verdadeira liberdade, a angústia transformou-se em determinação.
Como podia pensar, a razão lhe dissera que se continuasse como estava, estaria eternamente preso.
A idéia surgida deu-lhe a certeza da decisão: - Nem equidistante do centro, nem participando daquela sociedade pontual, onde todos na igualdade, nada significavam, onde a maioria decidia e quase sempre erradamente supondo que a sabedoria está na quantidade e não na qualidade, gerando a suposição de verdade...
Iria agora, impor-se um sentido final, solitário, em direção à uma vida autêntica, não hipócrita, livre: Aproveitou-se da sua propriedade ubíqua de poder estar em todos os lugares...Deu um fim ao apôio que sustentava a circunferência ditadora, limitadora do espaço circular que imoralmente o escravizava e aos seus irmãos os outros pontos...Lembrou-se que não tinha por quê temer; Afinal, quando se sai de algo, nunca se desaparece...vai-se para outro algo...
Saiu do centro, foi ao limite e tangenciou-se, lançando-se em direção ao vazio maior que se lhe apresentou como a libertação total, para o nada Absoluto...
Em 15 de Outubro de 2009 -Walter Torres Arienzo

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A imagem e o Espelho



A sala estava imersa na escuridão da noite.
Pela janela escondida por amplas cortinas, o nascer do sol se fez presente e os raios tímidos de luz começaram a iluminá-la em forma crescente, fazendo aparecer uma figura quieta, contemplativa, sentada num velho sofá...Frente a ela, um espelho...
A tríade estava composta: homem, espelho, imagem...
Na verdade tudo era uma coisa só.
O espelho estava, como sempre, refletindo tudo em seu campo ótico. Ele passou a ser a imagem e a imagem não era ele. Era algo indefinivel, intocável, sem essência, nem substância. Era sem dúvida algo que tinha suas linhas, seus contornos, mas, o que era aquilo? Sombra e luz, nada mais que isso...
Mesmo assim, a luz apenas permitia que ela própria fosse vista e a sombra não era ela e sim, sua ausência... Ambas porém na imagem se juntavam, o que não produzia um contra-senso mas uma contrariedade positiva permitindo que coexistissem; Essa mesma imagem não se fixava, e a sua mutabilidade dependia da luz que se projetava na superfície espelhada.
À medida que a Terra e seu dia caminhavam, com o sol iludindo que os seguia também, a sala se deixava penetrar pelas sombras furtivas devorando objetos... A figura refletida, o homem sentado e imóvel, já não era, à tarde, o mesmo da manhã... Seu rosto adquiriu um novo perfil, seus olhos não mais brilhavam, seus cabelos brancos enegreceram sem luz e a penumbra escondia seu semblante frustrado...
Não havia meios dele lembrar como fora pela manhã e como estava sendo agora...
Seu pensamento fugiu da visão refletida, vagou incerto em auto-memória, refugiando-se no porta-retrato esquecido e cheio de pó, armado sobre um antigo escaninho... Comparou então a imagem que o tempo fixou, com aquela que agora via...Que sensação extranha!... Eram coisas, objetos, jogos de luz, de sombra? O que eram, não conseguia entender. Percebia apenas suas diferenças... Sabia que tinha sido aquela criança. Ela se fora, alguém imobilizou-a no tempo, em fotografia, gravando no papel uma fase de sua vida ele assim também fez, com sua memória...
Uma dúvida assolou seu espírito: A luz grava o instante que se repete e se remete ao futuro e se perde no tempo? O real se transforma, morrendo a seguir? O que é a realidade? O que sou neste exato momento? As coisas mudam enquanto repenso o que fui no passado?
Deprimido entre o real e o imaginário, percebeu que estava consigo com um eu que fora e que agora é outro. Confuso, via suas dúvidas aumentarem, perguntas sem respostas, nada mais a meditar já que com o avançar da tarde esta permitia o adentrar da noite e com esta chegando, a luz no ambiente fugiu, desmaterializando as formas, os entornos. As sombras invasoras ocuparam todo o espaço da sala que, junto com o espelho e a imagem do homem, se fundiram restando somente o vazio da escuridão,a plenitude do nada e alguém angustiado em uma velha poltrona sentado...

terça-feira, 14 de julho de 2009

O círculo
Tudo começou com um ponto, parado, vazio.
De repente, do nada, no seu íntimo surge uma inquietação, um incômodo, que se transforma em uma angústia. Tenho que me mexer, me movimentar, sair desta prisão-limite de espaço, pensa ele.
Do incomensurável esforço nasce o embrião de um passo, mínimo, mas que logo se converte em um passo real, um caminho, uma reta que se desenha no plano, no plano de sua existência. Anda mais, corre, corre a esmo, sem saber para onde, até se exaurir. Distante de seu ninho, surge o medo, vira-se rapidamente e a ele volta, volta à origem, à segurança.
No dia seguinte, repete a experiência, e a cada vez se sente mais seguro. Mas a monotonia trás de novo a inquietação e a coragem acumulada lhe trás uma ideia: por que ao final da linha não mudar de direção? E surge uma nova linha, um novo ângulo para ver as coisas, ver o mundo que se descortina no plano recém nascido.
Inteligente, percebe que se, ao final do segmento que passou a percorrer na nova linha, fizer outra mudança, poderá voltar à linha inicial – que beleza, que maravilha, com este triângulo não precisará ficar passando nos mesmos lugares para voltar ao seu ninho, sua segurança.
Passou a ter gosto pela brincadeira, e criou novas retas, criou novas figuras, cada vez com mais lados, mil outras maneiras de ver. A cada vértice uma nova visão de seu espaço, dos limites de seu espaço, mas sem precisar sair dessa área que criou para si, dentro do espaço infinito daquele plano.
A cada vez menor era o trecho que tinha que percorrer para ter uma nova perspectiva de seu mundo, mas também, na mesma medida, mais cada uma se parecia com a anterior, mais convergiam para um único ponto central, equidistante de todos. Então, em um tempo infinito, chegou à continuidade e apercebeu-se que havia criado o círculo: não eram mais retas, tinha curvas e mais curvas, que delícia passear por elas.
Entretanto, esse movimento, infinito mas limitado, fechado em si mesmo, onde não conseguia novamente encontrar seu berço, seu ninho, tão confortável e seguro, o fazia sentir-se em um mundo onde o fim e o começo se perderam, onde, a cada instante, passava por um novo ponto, mas cada novo ponto era o mesmo que o anterior, a mudança era ilusória. As curvas eram sempre novas, mas sempre as mesmas, era a mais perfeita rotina sendo criada.
A angústia inicial renasce, cresce no repetir incessante, no mudar-não mudar, até que compreende que o círculo é a angústia de si mesmo. Esta compreensão, esse conhecimento, se torna insuportável, e então ele se atira no abismo do espaço interno, se agarra e se imobiliza no ponto central, útero do círculo, que agora será o seu túmulo.

sábado, 11 de julho de 2009


Eu narciso


Narciso, na mitologia grega, ao olhar-se no lago, descobriu sua beleza e ficou fascinado. Mas, se pensarmos em Sócrates, que pregava o aforismo "conhece-te a ti mesmo", inscrito no templo de Apolo em Delfos, estaria Narciso apenas tentando se conhecer? A mitologia se inspirou em Sócrates, ou foi o inverso? O espelho mostra-nos o próprio rosto, mas, os olhos nele inseridos, mostrarão nossa alma?
Caravaggio retrata Narciso fiel à mitologia, extasiado, olhando-se no lago; Dali desestrutura a figura e adiciona símbolos criando um ambiente surreal; Borges, no poema "Borges e Eu", contrapõe a figura do Borges pessoa, cidadão comum, ao Borges escritor.
Em todas as visões, o que se coloca é a relação entre aquilo que se vê e aquilo que se é. O narciso do lago se extasia com sua beleza, o narciso de Dali vê o que o seu rosto não mostra, e o narciso de Borges vê o que os outros não vêem.
O narciso de Sócrates é o caminho da sabedoria. O narciso da mitologia, atento apenas à aparência, morre. Em oposição, o de Borges tenta não se iludir, mas seu fim é ser absorvido pela própria imagem feita para os outros, pelos outros. O narciso de Dali se despedaça, se distorce, se duplica, se desfigura para se conhecer, sobram apenas ossos irreconhecíveis. Em Dali não se sabe mais o que é real e o que é sonho, o que é vida e o que é morte. Mas sobrevive a esperança na flor que, teimosa, renasce.
E eu, como sou? De onde Narciso tirou a percepção de que é belo? - ela nasceu com ele?
A foto mostra como eu era, jovem, tranqüilo, mas posso nela antever o que sou? quem é esse que povoa essa foto, qual a idade dela, ou ela não tem idade? Se fotografia é um espelho dotado de memória, que memórias ela me traz? Se eu pudesse dialogar com ela, o eu hoje e o eu ontem, o que um diria do outro? O eu ontem, ao saber o que viria a ser, continuaria a ser? O que está lá que não está mais aqui? O corpo é outro, mas há algo que seja imaterial, algo atemporal, algo imutável? Conhecer cada resposta não é possível e na verdade não importa, o que importa é questionar-se. Responder é assassinar a pergunta. Com esta se descortinam possibilidades, se abre o caminho para a transformação de si mesmo, para a libertação das amarras de ser, seja lá o que for, para estar sendo, seja lá o que for.
Talvez não exista a identidade e esta não seja mais do que memórias vistas e revistas ao passar do tempo, sempre com novas cenas que se sobrepõem às antigas, amontoando-se como camadas geológicas que se compactam, se distorcem, se misturam, produzindo ao final uma imagem de solidez que leva à ilusão de individualidade, unidade, identidade.
A matéria muda, o espírito muda, matéria e espírito, de mesmo modo que matéria e energia, são uma coisa só, apenas duas formas de ver, duas formas de se apresentar.
Olho a foto, gosto dela, é com recuperar parte de mim, um orgulho de ter sido isso. Ela reflete um rosto, sonhos, angústias, medos, desejos, expectativas, lembranças. Sempre gostei de arqueologia, é recuperar o que se dava por perdido. Ao vê-la, pode-se evocar o passado, rever os sonhos de outrora: realizar-se na vida profissional, ter uma família, viajar. Hoje eles foram realizados ou esquecidos, superados. Outros sonhos os substituem, sem sonhos não há vida. Que bom seria poder ver hoje uma foto tirada no futuro e nela ver os sonhos que virão.
O tempo é um mistério, passado, presente, futuro, muda o interior, muda o exterior, a cada instante sou outro, cada ato me transforma. Ao agir, o mais importante não é o que resulta de prático, de útil, em cada ato, o que importa é no que me transformo. Conforme o ato poderei vir a ser uma pessoa melhor, pior, mais alegre, mais triste, tudo dependerá de mim ao escolher como agir.
Numa certa medida, de uma certa forma, continuamente me olho no lago, me revolvo, me despedaço, me escondo atrás de mim mesmo. Percebo que há múltiplos eus: trabalhador; amante; amigo; poeta; um ser anônimo, até para mim mesmo. Me perco no labirinto tentando descobrir o que sou, o que penso que sou, o que penso que os outros acham que sou. Não encontro resposta, mas, ao procurar, me conheço melhor.
Enquanto meu inconsciente se alterna entre eu ovo e eu cadáver, a vida segue entre narcisos.
Valter Hernandez

sábado, 9 de maio de 2009

O Livro dos Mortos do antigo Egito
Introdução
A civilização egípcia é provavelmente a mais antiga da humanidade. Já no período entre 35.000 e 10.000 (todas as datas são a.C.), com o aparecimento dos Cromagnons (homo-sapiens) se encontram vestígios dos primeiros assentamentos humanos na região prensada entre o deserto do Saara e o rio Nilo, manancial este que se tornaria a base da sua sobrevivência. Embora o Egito exista até hoje, a história dessa antiga civilização terminou com a sua anexação pelo Império romano no ano 30. É desse período antigo que este texto trata.
A ocupação humana na região tomou um maior desenvolvimento a partir da ano 5.500, época em que já havia uma urbanização e uma agricultura permanente. Em torno de 4.500, enquanto o resto do mundo ainda estava mergulhado no primitivismo, os egípcios já se preocupavam com a arte, inclusive no costumes funerais individuais. Sua escrita já aparece nessa época. Por volta de 3100 ocorre a unificação dos vários reinos que ocupavam a região. Em paralelo, na mesma época, na longínqua China também se desenvolvia uma civilização, dotada de escrita, que é a mais antiga do mundo que permanece viva até hoje.
Outra civilização da mesma época é a dos Sumérios, situada na região sul da Mesopotâmia (entre os rios Tigres e Eufrates). Também conheciam a escrita, chamada de cuneiforme por ser feita com cunhas em lâminas de argila. É deles a famosa "A Epopéia de Gilgamesh", livro escrito em torno do ano 2.000, e que é o texto literário mais antigo que se conhece.
Esta epopéia contém a primeira referência conhecida sobre o dilúvio, assunto que é recorrente em várias culturas e que está presente na Bíblia judaica. Nesse livro já começa a preocupação ecológica: há castigos para quem destruir florestas. É interessante notar que na tradição suméria, os deuses criaram o ser humano a partir do barro com o propósito de serem servidos por suas novas criaturas.
O interesse por atividades além daquelas próprias da luta pela sobrevivência pode ser constatado quando arqueólogos encontraram um tabuleiro do jogo Senat, jogo semelhante ao gamão, cuja data foi estimada em torno do ano 5500. Em um túmulo junto a uma figura que mostra um sacerdote egípcio jogando Senat, há a inscrição: "o coração em delícia, num jogo com amigos após o almoço, aguardando o momento de refrescar-se no salão da cerveja". Como se vê, o gosto pela cerveja também é uma das coisas mais antigas da humanidade.
A religião egípcia – o papel de Osiris
Em diferentes épocas e lugares, se por um lado a humanidade sempre dependeu das chuvas para sobreviver, por outro os homens se amedrontaram com fenômenos naturais, tanto celestes, como raios e trovões, como provindos da própria Terra como erupções vulcânicas e terremotos. Imaginando que esses fenômenos deveriam ter uma causa, mas que lhe era desconhecida, supuseram então que fossem provocados por um ser superior, que dominava tudo, e assim se manifestava sobre as coisas do mundo.
Como em sua vida diária as coisas tinham um começo, assim pensavam que as coisas da natureza também o tinham; daí a suposição que surge de imediato é que esse ser superior também teria criado e dado início ao mundo. Nisso os egípcios não foram diferentes. Assim, conceberam a criação do mundo por Nut, que por sua vontade, dizendo uma palavra, criou tudo que existe, iniciando com o aparecimento do deus Ra em um ovo. Como uma santa trindade, Temu, um deus maior, criador de deuses, se funde em um único deus com Ra e Nut. Há documentos históricos indicando que a adoração a Ra, o deus sol, vem desde o ano 4.000. O papiro de Hunefer do ano1.370 refere-se a Ra dizendo: "És o senhor do céu, és o senhor da terra; Deus uno que nasceu no principio dos tempos, criaste a Terra, modelaste o Homem, criaste o grande mar e dás vida a quantos existem dentro dele".
Mesmo tendo sido essencialmente politeísta, a religião egípcia também chegou a ser monoteísta durante o governo do faraó Akhenaton (1364-1347). Nesse curto período Aton foi o único deus oficial do Egito. O Hino a Aton, proclama a grandeza do Sol como criador de todas as coisas, e a igualdade entre todos os homens. É notável a semelhança desse hino com o Salmo 104 do Antigo Testamento, mostrando a universalidade da idéia de igualdade entre os homens. Bem conhecida é a sua renovação na revolução francesa cerca de 3.000 anos depois.
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Desde a época de Mena, o 1º rei do Egito, cerca do ano 4.400, o egípcio já imaginava a existência de um paraíso onde, após a morte, teria um outro tipo de vida, uma existência celestial, onde viveria feliz na companhia de todos os deuses para todo o sempre.
Desta forma, acreditando na vida após morte, os egípcios achavam que deveriam conservar o corpo pois iriam renascer no além. Assim, já na IV dinastia, (3.800), todos os textos religiosos consideram a mumificação como fundamental para preservar o corpo e torná-lo disponível para a vida no além.
Como embasamento conceitual para essa concepção da vida, eles criaram um complexo e interessante conceito do ser humano. Este seria constituído pelos seguintes elementos:
Nome: É o que individualiza o ser humano, sem ele a pessoa não existe;
Corpo: constitui a parte material;
Duplo: uma cópia do corpo, mas independente dele, com liberdade de estar onde desejar; Força vital: Existe na vida terrena e continua na vida no céu;
Coração: É onde se situa a vida;
Alma: é o principal elemento em valor e poder. Está associada ao duplo, mas com forma e conteúdos próprios;
Sombra: É associada à alma;
Inteligência espiritual: Não possui matéria e vive junto com os deuses;
A imagem principal da religião egípcia é o barca do Sol. A barca é representada pela lua em seu quarto crescente, tendo o disco do Sol sobre ela. Lua e Sol compõe uma dualidade de opostos: o Sol, quente e seco, fria e úmida a Lua. Esta composição é equilibrada, mas não é estática, mudando constantemente. O Sol, símbolo masculino, está associado à razão, enquanto que a Lua, feminina, rege o amor. Nota-se a semelhança com o Yin e Yang da religião chinesa, representando dualidades opostas, constantes na maioria das civilizações, como o positivo e o negativo, o bem e o mal ,o amor e o ódio, o dia e a noite.
É recorrente essa a visão maniqueista simplificadora que abandona toda a rica gama de gradações, sutis variações de tons que a natureza nos brinda. Ao invés de branco e preto, a natureza prefere o arco-íris. O que seria da nona sinfonia de Beethoven sem os infinitos matizes sonoros? Na verdade não existem extremos absolutos na natureza, eles são apenas conceitos abstratos criados pelo homem, por falta de acuidade na percepção das coisas, ou para simplificar o entendimento, para criar uma atmosfera mística de ilusão, ou talvez a partir de uma postura de poder, estabelecendo que alguém ou algo só pode estar contra ou a seu favor, o que facilita o domínio.
Mais do que em outras culturas da antiguidade, o uso de amuletos, de caráter religioso e mágico, foi uma das características da civilização egípcia. Neles os sacerdotes inscreviam palavras que se supunha dar ao possuidor poderes na sua caminhada além-túmulo. Outros povos antigos, como persas, hebreus e depois gregos e romanos os adotaram. Os árabes chamaram esses objetos de tilasmi, de onde surgiu a palavra talismã.
Embora ao longo de 4.000 anos tenham variado os deuses em que os egípcios acreditavam, Osiris é aquele que mais permaneceu, sendo sagrado em toda a sua história. Filho de Seb, a Terra, a mãe dos deuses e de todas as coisas vivas e de Nut, o criador do mundo, Osiris é o deus da ressurreição e da vida eterna nos campos de paz. Isis, sua esposa e irmã é a deusa da natureza. Como mãe de Hórus, também um deus, se torna a divina mãe. Foram encontradas inúmeras estátuas onde ela é representada amamentando Hórus.
A história sagrada egípcia conta que foi dado a Osiris governar as terras férteis, enquanto que para seu irmão Set sobrou apenas o deserto. Este insatisfeito, resolve eliminar Osiris. Para tanto, prepara uma armadilha. Convida o irmão para um banquete, onde é mostrado um belíssimo sarcófago. Para possuí-lo, o convidado teria que caber exatamente nele. Por isso todos desejaram experimentá-lo. Quando chegou a vez de Osiris, ele coube perfeitamente, pois o sarcófago havia sido preparado por Set previamente para ele. Nesse momento o sarcófago é fechado e jogado no rio Nilo. A esposa de Osiris, Isis, sai correndo à procura do marido mas ele já vai longe na correnteza. Ela não desiste e acaba descobrindo que o sarcófago ao descer o rio se enroscou em um tronco de árvore. Entretanto, quando ela chega ao lugar, a árvore já havia sido arrancada e usada na construção de um palácio, como uma coluna. A rainha que vivia no palácio se emociona com a dor de Isis e permite que a coluna seja retirada, e assim Isis volta ao Egito. Mas Set fica sabendo e manda esquartejar Osiris e jogar seus pedaços por todo o reino. Entretanto, a apaixonada Isis consegue recolher os pedaços, refaz o corpo e mumifica Osiris. A seguir, ela se transforma em uma ave que ressuscita Osiris com o bater das suas asas sobre o seu corpo. Juntos novamente, fazem amor do que nasce seu filho, que vem a ser o deus Hórus. Este luta contra Set e consegue vence-lo. Com isso, passa a ser o rei não só do Egito, mas de toda a Terra. Osiris deixa a Terra, sobe aos céus, e se torna então o rei do mundo dos mortos, sendo o juiz que decide quem irá para o paraíso e quem sofrerá uma morte definitiva. Não há assim o conceito de inferno, de dor eterna, em oposição à felicidade eterna do céu. Em decorrência da atitude de Isis, a prática da mumificação se popularizou como uma tentativa dos crentes de seguir os passos de Osiris, senhor da eternidade.
Osiris, filho de deuses, ser bondoso, virtuoso, por ter vivido na Terra e sofrido perseguições injustiças e torturas até a morte, pode compreender os sofrimentos de todos os seres humanos. Pela sua morte cruel assegurou a felicidade eterna a todos que nele crerem. Sua morte e ressurreição, e daí seu retorno ao céu, deu a todos a esperança e o sonho de poderem seguir seu caminho e atingir o paraíso. Para conseguí-lo tem também que ser honestos e corretos em sua vida terrena.
Osiris se torna um mártir e passa a ser o deus mais popular entre todos. No templo de Abidos, à semelhança da via sacra, desenhos mostravam os acontecimentos da vida de Osiris na Terra. Nessa localidade anualmente havia uma procissão comemorando a vitória de Osiris. Seu símbolo maior era a barca de deus, transportada ao longo do percurso.
É interessante que, de mesmo modo que Cristo, cujo símbolo é a cruz, o símbolo mais representativo de Osiris é uma coluna de uma árvore de cedro, com os ramos cortados, o que procura lembrar que ele foi preso a uma árvore.
O Livro dos Mortos
Na cultura egípcia, o ser humano não se extinguia com a morte e assim a vida continuava tanto através do corpo como do espírito. Por isso, na vida terrena, havia muitos cultos e símbolos que se relacionavam com o que se poderia chamar o mundo dos mortos. Sua visão não era a nossa ocidental de considerar a morte assustadora, de horror até a simples pronúncia da palavra "morto", de medo de fantasmas no cemitério. Eles se preparavam para a morte como alguém se prepara para uma longa viagem, para um lugar melhor - uma viagem de férias, mas sem volta ao verdadeiro mundo de sofrimento que é este em que vivemos.
O Livro dos Mortos, cujo verdadeiro nome é "Saída para a Luz do Dia" é provavelmente o 1o livro da humanidade. Sua concepção se baseia na crença na ressurreição e na vida além túmulo com a possibilidade de imortalidade, desde que o falecido consiga aprovação em um julgamento feito pelos deuses, algo como o Juízo Final.

O Livro dos Mortos tinha como função ajudar a pessoa na jornada pós-morte no sentido de conseguir atingir o paraíso. Ele não tinha a forma de um livro como conhecemos hoje, mas constituía-se de um longo papiro ou couro enrolado, que era colocado no sarcófago junto ao morto ou dentro de uma caixa especialmente decorada, incluindo uma imagem do deus Osiris. Seu conteúdo constituía-se de orações, feitiços e fórmulas mágicas, acumuladas pela cultura religiosa egípcia ao longo dos séculos. Um exemplo interessante é o feitiço número 23, que restaurava os sentidos da múmia na vida após a morte. Numa linda imagem esse feitiço chamava-se ‘Abertura da Boca’.
Junto a tumbas e sarcófagos foram encontrados vários exemplares desse livro, sendo que o mais completo é o Papiro de Ani. Este livro é um longo papiro, com 24m de comprimento, que contém um texto e é ricamente ilustrado. Até hoje as cores são belíssimas e bem conservadas Além dele a pessoa levava muitos objetos, destacando-se uma imagem do seu próprio coração.
Os egípcios acreditavam que após a morte terrena a pessoa teria que percorrer o mundo subterrâneo, uma região de trevas, sem água e sem ar, constituindo um longo percurso cheio de obstáculos e perigos, como por exemplo animais estranhos comedores de pessoas, devoradores de corações, e tantos outros que a fértil imaginação permitiu criar. O Livro dos Mortos seria seu guia, com instruções específicas para enfrentar cada inimigo cujas peculiaridades, gostos e fraquezas eram descritas no livro.
As dificuldades encontradas no caminho do mundo subterrâneo pós morte eram entretanto apenas preliminares para o julgamento dos deuses sobre sua vida terrena. Reconhecendo as fraquezas humanas, os sacerdotes que escreviam os livros estavam certos de que ninguém na vida tinha deixado de passar por cima das regras morais. Desta forma, as ilustrações e textos continham o texto correto para a pessoa dizer no momento certo, ou seja, enganar os deuses. Assim para eles os deuses não eram oniscientes.
As provas finais se constituíam primeiramente em passar por 42 salas. Em cada uma o candidato ao céu deveria fazer uma negativa de ter cometido determinado pecado em sua vida terrena. Caso não conseguisse fazê-lo, seria devorado pelo deus guardião da sala. Conseguindo, a porta de saída seria aberta e ele passaria para a sala seguinte. Cada negativa deveria ser dada através de um texto, uma espécie de "cola" que o falecido leria no Livro dos Mortos que o acompanhava na viagem.
Estas 42 negativas que na verdade se constituíam em um código moral da sociedade egípcia, tem uma importância extraordinária, pois nos permite conhecer a visão ética dessa sociedade. Elas mostram que, na verdade, mais de que "Livro dos Mortos" era o "Livro dos Vivos", pois dava os conceitos de como cada pessoa deveria viver para merecer a felicidade eterna. Note-se as semelhanças quanto à idéia e a função deste código de 42 itens com os 10 mandamentos da Bíblia que conhecemos.
Dentro desta perspectiva moral, no julgamento somente eram considerados os atos da pessoa enquanto viva, sendo igual para todos, ricos ou pobres, nobres ou pessoas do povo. Entre suas declarações, a pessoa deveria afirmar que não lançou maldições contra Deus, não roubou, não matou, não mentiu em tribunal, não foi adúltero, não foi soberbo, nem violento, nem colérico, nem hipócrita, nem subserviente, nem blasfemador, nem astuto, nem ávaro, nem fraudulento, nem ficou ocioso. Não fez ninguém chorar, não foi surdo a palavras piedosas, não praticou más ações, não foi orgulhoso, não enganou ninguém, não poluiu a água corrente pública e não assolou a terra cultivada da comunidade.
A expressão "não fez ninguém chorar" extraordinária e bela pela forma em que expressa a lei, forma essa não encontrada em outros textos religiosos ou éticos, consubstancia a essência de toda moral. É também de se notar a preocupação ecológica com a água e com a terra. Note-se que muitos destes mandamentos constam de textos sagrados e morais de civilizações posteriores, como a cristã.
Caso conseguisse fazer todos as negações, dizendo o texto correto relativo a cada uma, então a pessoa passava para a sala final do julgamento, onde estavam Osiris, Isis, Hórus e a deusa da Justiça e da Verdade, Maât. O julgamento era feito pela pesagem do coração da pessoa que teria que ser mais leve que a Pena da Verdade. À sua frente está Ammut, um monstro com partes de hipopótamo, crocodilo e leão, que o aniquilará caso isso não aconteça, o que seria uma segunda morte, esta agora definitiva.
Havendo equilíbrio na balança, a última porta é aberta e a pessoa transpõe as portas da morte, onde, no campo de paz, gozará os prazeres da vida eterna entre os deuses e junto com seus filhos e esposa caso tenham morrido, ou virão depois. Assim o livro era para toda a família. Interessante esse aspecto da unidade familiar, guiada pelo pai.
Inicialmente se acreditava que somente os faraós teriam uma vida após a morte, de forma que exemplares do Livro dos Mortos eram confeccionados apenas para eles. Posteriormente, este privilégio se estendeu aos nobres e altos funcionários. Talvez por vislumbrarem uma gorda fonte de renda, aos poucos esta possibilidade foi sendo aberta a todos, é claro, desde que tivessem condições financeiras para pagar o alto preço da confecção do livro que era individualizado. Nas últimas dinastias egípcias ele já era feito em série, mas personalizado ao serem deixados espaços vazios nos lugares em que deveria ser citado o nome do morto. Assim, ao preparar uma cópia para uma pessoa, seu nome era inscrito nos lugares pré determinados. O cidadão ainda em vida acompanhava a preparação do seu exemplar, inclusive orientando na colocação de feitiços mais poderosos para situações que mais temia, é claro, pagando mais por isso. É mais ou menos semelhante àqueles restaurantes de massas em que o próprio freguês vai dizendo que componentes quer para o molho de sua macarronada.
A pesagem do coração, que representava a consciência, tinha como objetivo verificar se o morto não havia mentido ao negar ter cometido os 42 pecados. Assim, os deuses mostravam que não eram ingênuos a ponto de confiar no que as pessoas diziam. Na verdade, os sacerdotes que escreviam os livros, conhecedores da natureza humana, sabiam perfeitamente que era impossível que alguém tivesse realmente deixado de cometer todos os pecados, muito pelo contrário, raros eram aqueles que pouco pecaram. Ao colocar essa percepção nos deuses se preveniam de acusações de que seu livro não houvesse funcionado, pis a culpa por não adentrar o paraíso seria da pessoa que mentiu. Além disso, os sacerdotes também eram conhecedores dos bastidores da encenação e assim sabiam da gratuidade dos feitiços e dos interesses econômicos envolvidos. Por isso colocavam o livro como necessário mas não se comprometiam com os resultados, ou seja, não davam garantia de funcionamento – faltava a código de defesa do consumidor!
Na estrutura das pirâmides, em especial na de Gizé, nas câmaras corredores e portas pode-se notar a própria sequência do Livro dos Mortos. Certas passagens mostram que existiam os conceitos de liberdade de escolha e perdão pelo arrependimento.
O que essa história nos ensina?
Acreditando na vida após a morte, e na existência de obstáculos pelos quais teriam de passar para alcançar a nova vida, a vida eterna no paraíso, os egípcios se preocupavam e se preparavam para enfrentar essa jornada. Como acontece em inúmeras culturas, sempre há os eternos vendedores de ilusões, que se colocavam como intermediários entre a Terra e o céu. Eles vendiam o Livro dos Mortos, imaginado, composto e escrito por eles próprios. Inventavam os perigos e vendiam o remédio para superá-los.
Osiris, filho de deuses, vem à Terra e ensina coisas boas às pessoas. É perseguido, torturado e morto tornando-se um mártir. Seu corpo é recolhido, ele ressuscita e retorna ao céu tornando-se o elo das pessoas com Deus, e o caminho para o paraíso. Seu símbolo é sua figura presa a um tronco de árvore com os galhos cortados.
Fica clara a semelhança entre as histórias de Osiris a de Cristo: Ambos filhos de deuses, que na Terra são torturados e mortos, ressuscitam, deixam este mundo dos vivos e passam a governar no após vida, o mundo dos mortos, ou o que chamamos de céu, fazendo a ligação do homem com um deus supremo. Seu sofrimento é para a salvação, a felicidade de todos que nele crêem. Chama a atenção o fato de que entre os egípcios ele era apenas o justo, já os cristãos introduziram a piedade, mais compatível com o padrão emotivo ocidental. Há outras diferenças, mas essencialmente a estrutura é a mesma.
Cristo foi uma pessoa específica e de Osiris não se sabe se houve uma que inspirou a lenda. Entretanto, a história de Osiris se perde no tempo, onde não havia a documentação que se tem da época de Cristo. Assim, a história de Osiris é praticamente idêntica à de Cristo, só que cerca de 4.000 anos anterior. A religião de Osiris durou quatro milênios, a de Cristo já dura dois, durará mais dois, ou quantos mais?
O que se percebe é que, desde a mais remota antiguidade, os seres humanos se reúnem em sociedades com características básicas semelhantes. As pessoas não compreendem a morte pois, é claro, é impossível para o ser compreender o não ser, e com isso a temem. Uma minoria, mais forte e lúcida, percebe a fraqueza nos outros, e, como uma lei animal, se sente capaz de devorá-los e o faz, tomando conta de sua existência e obviamente de suas posses.
Esse cenário se vê hoje abundantemente utilizado em todas as partes pelas religiões, cultos, seitas, entidades místicas, lendas, práticas mágicas, em todos os grupamentos humanos, desde tribos indígenas primitivas até sociedades bem sofisticadas. Onde houver medo, ignorância, haverá alguém vendendo uma história fantástica sobre o desconhecido, e o elixir da salvação sob a promessa de um paraíso imaginário. Para conseguir bastará convencer a pessoa a ter fé na sua história. Por um lado inflar o medo e por outro seduzir pelas promessas de um paraíso eterno e maravilhoso.
As lendas humanas são as mesmas em todas as épocas e lugares, pois são as mesmas as fraquezas humanas, e são os mesmos os que delas se aproveitam para tirar vantagens.
Sempre existiram e existirão vendedores de ilusões que criam deuses, se dizem seus representantes, e assim se colocam como intermediários e depositários de seus poderes obtendo para si riqueza, poder e fama.
Será que algum dia o ser humano será livre para crer em si mesmo, crer ou não em Deus livremente, por si próprio, em suma, crer no que realmente desejar?

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Aspectos sobre a Filosofia da Mente

Uma nova Filosofia se abre ao conhecimento humano. Um campo fascinante que os Trilósofos não podem deixar de comentar.
Aquí vão alguns pensamentos abertos a todos que queiram contestá-los, comentá-los, negá-los, acresce-los, enfim, provocamos o assunto. Gostariamos de receber colaborações sobre esses Aspectos. Sejam benvindos filósofos amigos, que trazem boa vontade...

Não vivemos a vida; ela é vivida por nós.
A vida só é vivida pelo ser consciente.
A vida é infinita, o ser consciente é finito. disso deve tomar consciência...
A vida é um futuro sido, vivido a cada momento.
O momento é o tempo fixado, tempo que não se detem, a não ser nesse momento quando então o tempo não existe, já que se fundem nele o presente, o passado e o futuro.
Se o momento é atemporal, se a vivência é a sucessão de momentos de forma dinâmica, vivemos somente no espaço de forma linear, sendo o tempo uma imaginação humana...Ele existe somente de forma metafísica, em nossa memória.(Não confundir com fotografias ou filmes, já que falamos do tempo como transportador de idéias, sensações, ocorrências sensoriais.)